Ninguém dorme no dia 31 e sofre amnésia. Não há quem consiga esvaziar-se, formatar-se por completo e romper os vínculos que a dor e os sofrimentos insistem em criar conosco. Os laços do bem também nos prendem; eles vêm cheio de sutileza e nos amarram às nossas lembranças, sabores, cheiros, fotografias e manias. Os vícios também ficam naquela pasta que não se apagam tão fácil... E então? O que é a passagem de ano? Só mudança de algarismos mesmo? Não sejamos tão radicais, não é? Um número muda e, com ele, fica implícito a vivência de um ciclo de, nada mais nada menos que 365 dias! Será se nada muda? Assistindo a uma novela, no capítulo seguinte, as coisas recomeçam. A noite acaba e mais um dia renasce, mas a história continua a mesma. José Assunção da Silva é o mesmo que está na identidade. Sua cicatriz daquela queda de bicicleta também continua ali no joelho esquerdo. A diferença é que, um "novo ano", um "ano novo", um "happy new year", chega segurando uma plaquinha dizendo: "Você tem mais vida!". Resta a cada um interpretar como lhes convém. Os cronômetros não zeram, mas passam a pesar. Eu diria que o que muda em cada réveillon é o peso do tempo, dos números, dos anos e do quanto investimos em prioridades que nem prioridades deveriam ser... Lavemos a alma como se lava aquela blusa com autógrafos de um artista querido: Com cuidado, com carinho e com cautela para não apagar as marcas que aqueles momentos deixam em nós (os bons e os ruins). Não é feio ter vivido, ter se jogado, ter se arriscado, mesmo que isso tenha doído. E daí? Você foi, apostou, honrou esse presente chamado "vida" e fez dele, nesses 365 dias, uma intensidade só. À você, que está ansioso para o ano novo, não deixo meu "feliz 2015" e sim os meus parabéns! Parabéns pela sua coragem e a sua vontade de ser pura intensidade por mais um ano!
Texto por Renata Linard, 19 anos, estudante de Jornalismo e dona da página "O que Brotou das Dores".
Texto por Renata Linard, 19 anos, estudante de Jornalismo e dona da página "O que Brotou das Dores".
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